Em tricologia chamamos a queda de cabelo de eflúvio. Classificamos o eflúvio em telógeno, anágeno e ele pode ser misto em algumas situações.
O pêlo apresenta as seguintes fases:
É normal e esperado que haja uma queda diária de cerca de 100 fios telógenos por dia.
O paciente se queixa de queda de cabelo e, a depender da causa da queda de cabelo, pode haver falhas no couro cabeludo.
Na maioria das vezes o paciente que se queixa de queda de cabelo apresenta eflúvio telógeno, uma situação benigna, desencadeada por alguma situação de estresse emocional ou fisiológico. O eflúvio telógeno dura cerca de 3 meses e melhora sem tratamento, porém os pacientes se assustam com a queda de cabelo. Vale lembrar que para todo fio telógeno que cai, há um anágeno em crescimento. É por isso que o paciente com eflúvio telógeno não apresenta falhas nem fica careca.
Causas menos comuns de queda de cabelo são:
Alopecia areata, uma doença autoimune que, além da queda do cabelo, provoca falhas reversíveis no couro cabeludo. Quando se apresenta na forma de alopecia areata difusa, pode simular clinicamente a alopecia androgenética, mas ao teste de tração percebemos queda ativa aguda e com fios telógenos e anágenos distróficos. A alopecia areata universal leva a queda não só dos pêlos do couro cabeludo, como dos pêlos do corpo, dentre eles cílios e sobrancelhas.
Eflúvio Anágeno: ocorre quando o paciente faz quimioterapia ou sofre intoxicação e evolui com queda de grande parte do cabelo. O desprendimento de fios anágenos representa sempre anormalidade. No eflúvio anágeno por agentes antineoplásicos há perda capilar por interrupção abrupta da atividade mitótica da matriz folicular 1 a 2 semanas após o início do tratamento, culminando na falta de produção ou afinamento e fragilidade capilar. Intoxicações por agentes mercuriais, arsênico, vitamina A, ácido bórico e tálio, bem como desnutrição proteica grave e doenças endócrino-metabólicas, também são implicadas na causa do eflúvio anágeno. Frequentemente o eflúvio anágeno leva a alopecia total do couro cabeludo.
Síndrome dos Anágenos Frouxos: é uma doença que ocorre em crianças e se caracteriza por cabelo sem brilho que não cresce e cai facilmente. Trata-se de uma alteração na ancoragem dos cabelos anágenos. Acredita-se que a síndrome seja resultado de uma queratinização prematura na bainha interna do pelo, que produz adesão deficiente entre a cutícula da bainha interna e a cutícula do cabelo.
O diagnóstico da causa da queda de cabelo é feito através da história clínica do paciente, exame físico do couro cabeludo, teste de tração, tricoscopia e, se necessário, tricograma e biópsia do couro cabeludo.
Nos casos de eflúvio telógeno, costumo pedir exames laboratoriais para complementar a investigação.
O tratamento do eflúvio telógeno é feito baseado na investigação e tratamento da causa de base. A queda de cabelo por eflúvio telógeno é autolimitada e não requer intervenções. Eu costumo prescrever complexo vitamínico contendo biotina por 90 dias para ajudar nessa recuperação.
Nos casos de eflúvio telógeno crônico, pode ser necessário o uso de minoxidil tópico. É importante o paciente ser informado de que o minoxidil pode induzir uma queda inicial dos fios telógenos.
A densidade capilar é recuperada em 6 a 12 meses após a resolução do fator precipitante, porém pode levar mais tempo se o cabelo for muito comprido.
No caso da alopecia areata, o tratamento dependerá da gravidade. Normalmente é iniciado o uso de corticoides tópicos. Pode ser necessário infiltrar triancinolona. Casos mais graves necessitam de terapias individualizadas.
No caso do eflúvio anágeno, a retomada ao ciclo normal ocorre habitualmente pouco tempo após o término da terapia antineoplásica.