O QUE É?
O hemangioma infantil ou hemangioma do lactente é o tumor benigno, de partes moles, mais comum da infância. Ele é mais prevalente no sexo feminino e em prematuros, principalmente se essa criança nasceu com baixo peso. Está também associado a problemas maternos durante a gestação, como idade avançada, placenta prévia e pré-eclâmpsia.
Os hemangiomas infantis são caracterizados por uma fase de rápida proliferação de vasos sanguíneos no primeiro ano de vida, seguida por uma fase de estabilidade e de involução, na qual ocorre uma regressão gradual do tecido vascular, que é substituído por tecido fibroso. Dessa maneira, em sua maioria, eles involuem espontaneamente ao longo dos anos, dispensando qualquer tratamento na maioria das vezes.
Apresentações clínicas especiais são raras e envolvem acometimento de órgãos internos. Algumas características como localização do hemangioma ou número de lesões levam a suspeita de acometimento sistêmico e daí vem a importância da avaliação de um dermatologista quando os pais perceberem qualquer alteração na pele da criança.
Não se conhece completamente a causa do hemangioma infantil. Estudos demonstram haver expressão aumentada de marcadores semelhantes em células do hemangioma e em células da placenta. Fatores moleculares e celulares estão relacionados com as fases de proliferação e regressão do hemangioma e são demonstrados em pesquisas.
Os hemangiomas infantis não são clinicamente evidentes ao nascimento, mas tornam-se aparentes nos primeiros dias ou meses de vida. São lesões únicas em sua maioria, porém em 20% dos casos apresentam-se como múltiplas lesões.
Os hemangiomas infantis são mais comuns na cabeça e no pescoço, mas podem estar presentes em qualquer região da pele, mucosas e órgãos internos.
Em relação ao tamanho, podem variar de poucos milímetros até grandes lesões com vários centímetros.
A forma clínica superficial do hemangioma infantil é a mais comum, geralmente consistindo de uma pápula vermelha, de um nódulo ou de uma placa elevada sob a superfície normal da pele.
Os hemangiomas subcutâneos ou profundos caracterizam-se por uma nodulação da mesma cor da pele com um matiz azulado, acompanhada ou não por uma área de teleangiectasia (vasos bem superficiais na superfície).
O hemangioma infantil pode ser classificado ainda como localizados ou segmentares (quando acometem uma área anatômica extensa). Algumas das estruturas internas mais comumente afetadas são o fígado e a coluna vertebral.
As complicações podem estar presentes em até 25% dos pacientes. Tamanho e localização são os principais fatores de risco para sua ocorrência.
As complicações mais comuns incluem ulceração, sangramento, envolvimento de via aérea, comprometimento visual, obstrução do canal auditivo ou outras a depender da localização do hemangioma.
A ulceração é a complicação mais comum e ocorre nos hemangiomas de rápida proliferação, localizados em regiões predispostas a trauma ou área de pressão. Costuma ser dolorosa e pode cursar com sangramento e infecção. Pode evoluir com cicatriz inestética. Em avaliação médica é prescrito tratamento com medicações tópicas para cuidados locais com a ferida.
O sangramento raramente acontece, e resolve com simples compressão.
O risco de hemangioma de via aérea é maior na presença de hemangiomas segmentares de cabeça e pescoço. Os sintomas podem evoluir de disfonia inicial (alteração na voz da criança) até insuficiência respiratória. Os hemangiomas periorbitais podem comprometer o desenvolvimento visual normal. A maioria dos casos que levam a prejuízo visual localiza-se na pálpebra superior, mas outras localizações periorbitais também podem ter consequências deletérias.
Em relação à história natural, os Hemangiomas Infantis caracteristicamente apresentam uma fase proliferativa, que é geralmente rápida e ocorre nos primeiros meses de vida. Entre 6-12 meses, pode haver ainda crescimento, porém em ritmo mais lento, sendo incomum a proliferação adicional após 1 ano de idade. A fase proliferativa é seguida por uma fase de regressão espontânea que tipicamente inicia após 1 ano de idade, podendo durar vários anos. O início da fase de regressão dos hemangiomas superficiais tende a ser mais precoce do que o da fase dos hemangiomas profundos.
O diagnóstico é clínico.
É importante que os pais levem a criança ao dermatologista ainda nos primeiros meses de vida para avaliação da lesão inicial.
Quando há indicação de tratamento, o ideal é que seja feito na fase de proliferação, que costuma ocorrer nesses primeiros meses de vida.
O tratamento é indicado quando o hemangioma infantil está nas pálpebras e pode comprometer a visão da criança, ou está em crescimento em nariz, ao redor da boca ou orelhas, pois nessa fase os estímulos visuais e auditivos são essenciais para o desenvolvimento cognitivo e sensorial. O acometimento em áreas próximas do nariz pode afetar a respiração, o que também indica necessidade de tratamento.
A depender do tamanho e da localização da lesão, são necessários exames complementares que serão explicados em consulta.
O tratamento depende do tamanho e do grau de comprometimento funcional que o hemangioma pode causar. Podem ser usadas medicações tópicas ou orais.
Em alguns casos é necessário o acompanhamento multidisciplinar.
Tudo será muito explicado para os pais em consulta pelo dermatologista.