A hanseníase, conhecida antigamente como Lepra, é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória.
Possui como agente causador uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. Essa bactéria é um bacilo que atinge principalmente a pele e os nervos periféricos com capacidade de ocasionar lesões nos nervos, conferindo à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.
A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, e apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece. Dizemos que esse bacilo tem alta infectividade e baixa letalidade, pois apenas uma pequena parte das pessoas infectadas desenvolvem a doença.
A hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia. A Ásia e a África, são consideradas o berço da doença.
De acordo com a Lei nº 9.010, de 29 de março de 1995, o termo “Lepra” e seus derivados não podem ser utilizados na linguagem empregada nos documentos oficiais do governo.
O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo, entre os países que registram casos novos. Em razão da elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no País.
Os sintomas mais frequentes da hanseníase são:
O diagnóstico da hanseníase é feito em unidades básicas de saúde, baseado na história clínica, epidemiológica e exame físico.
Casos que deixam dúvida devem ser referenciados para realização de exames complementares para confirmação diagnóstica, através de baciloscopia, biópsia e eletroneuromiografia, caso seja necessário.
O acometimento em crianças é mais difícil de ser avaliado pela dificuldade na interpretação dos testes de sensibilidade. Casos em criança sinalizam a transmissão ativa da doença, especialmente para familiares, o que deve intensificar a investigação dos contatos.
O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis. Entretanto, se vier a causar impacto psicológico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares ou pessoas de sua rede social, essa situação requererá uma abordagem multidisciplinar para o acolhimento adequado para superação das dificuldades e maior adesão ao tratamento.
A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis. A via de eliminação do bacilo pelo doente são as vias aéreas superiores, por meio de contato próximo e prolongado.
Os doentes com poucos bacilos – paucibacilares (PB) – não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença devido à baixa carga bacilar. As pessoas com a forma multibacilar (MB) – muitos bacilos -,no entanto, constituem o grupo contagiante, mantendo-se como fonte de infecção enquanto o tratamento específico não for iniciado.
A hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, dura em média de 2 a 7 anos.
A informação sobre a manifestação clínica da hanseníase em cada pessoa, é fundamental para determinar a classificação operacional da doença como Paucibacilar (poucos bacilos) ou Multibacilar (muitos bacilos) e para selecionar o esquema de tratamento adequado para cada caso.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento da hanseníase em unidades básicas de saúde e em referências. O tratamento da doença é realizado com a Poliquimioterapia (PQT), uma associação de antimicrobianos, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa associação diminui a resistência medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequência quando se utiliza apenas um medicamento, o que acaba impossibilitando a cura da doença.
Os medicamentos são seguros e eficazes. O paciente deve tomar a primeira dose mensal supervisionada pelo profissional de saúde. As demais são autoadministradas. Ainda no início do tratamento, a hanseníase deixa de ser transmitida. Familiares, colegas de trabalho e amigos, além de apoiar o tratamento, também devem ser examinados.
Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema padrão é ajustada de acordo com a idade e o peso. Já no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do esquema padrão, são indicados esquemas substitutivos.
A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizadas pelo esquema terapêutico, dentro do prazo recomendado. O tratamento da hanseníase é ambulatorial, ou seja, não necessita de internação.
As complicações da hanseníase, muitas vezes, se confundem com a evolução do próprio quadro clínico da doença. Muitas dependem da resposta imune dos indivíduos acometidos, outras estão relacionadas com a presença do bacilo M. leprae nos tecidos e, por fim, algumas das complicações decorrem das lesões neurais características da hanseníase.
Alguns pacientes evoluem com reações hansênicas mesmo após o término do tratamento, exigindo acompanhamento crônico e uso de imunossupressores. As reações hansênicas ocorrem com mais frequência nos casos multibacilares.
Notas importantes sobre a hanseníase: